Rua 15 de Agosto (conhecida como 4ª Rua) e Rua do Cruzeiro, no Distrito de Icoaraci, em Belém, são pontos de grande movimentação de caminhões de carga. Nesta última está localizada a empresa de Transportes Marítimos J. Sabino, colocando em risco a vida de muitas crianças, uma vez que nesta artéria foram inaugurados dois residenciais e mais um a ser inaugurado ainda esse semestre, como parte do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC. Os caminhões são estacionados no meio da rua, onde não há nenhuma sinalização ou fiscalização por parte dos órgãos competentes; a empresa, por sua vez, não toma qualquer providencia no sentido de construir um local adequando para o estacionamento conforme prevê o Plano Diretor Urbano da capital.
É comum observar que no final da tarde várias meninas em idades variadas se aproximando desses caminhoneiros. Logo são convidadas a entrar na boléia dos veículos. Está armado o cenário para o assédio e para a prática de violência sexual contra crianças e adolescentes indefesas.
A falta de iluminação pública adequada e a completa ausência dos órgãos fiscalizadores amplificam a situação de risco, tornando aquelas crianças presas fáceis das inúmeras quadrilhas de exploração e prostituição infanto-juvenil que atuam livre e impunemente.
Até quando vamos conviver com essa situação vergonhosa?
Estamos perdendo nossas filhas, não só para a prostituição, mas para toda uma rede de mazelas sociais, através do álcool e outras drogas, submetidas à gravidez precoce e expostas à doenças sexualmente transmissíveis, notadamente à Aids. É uma geração inteira entregue ao ciclo da pobreza, da miséria humana, que não apenas material, mas vai se tornando miséria da própria alma.
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